quarta-feira, 20 de abril de 2016

Os deputados são as vozes do povo que sou.

No dia da votação do "impeachment" compartilhei no face o trecho de uma música que, no meu olhar, representa bem o momento político que vivemos hoje.

"Nos perderemos entre monstros, da nossa própria criação. Serão noites inteiras, talvez com medo da escuridão. Ficaremos acordados, imaginando uma solução, pra que esse nosso egoísmo, não destrua nosso coração."


Que a meu ver nem precisaria de explicação para entendermos quais seriam estes monstros, já que, como diz a letra, nós mesmos os criamos.

A escuridão se dá, quando após aquele atípico dia na câmara federal,  - em que quase todos os deputados trabalharam num domingo - no dia seguinte, a reflexão que as pessoas estávamos fazendo é: "Olha como são os nossos deputados!" Quando, na verdade, a reflexão que deveríamos estar fazendo é: "Olha como nós somos!"


Aí, você, caro leitor, pode dizer: "Não, pera, o Wlad não me representa! De jeito nenhum!"


Pior é que representa! Foi eleito! Primeiro se candidatou, e depois foi eleito.


Eu, Nairo Bentes, posso ter votado no Edmilson Rodrigues, e ter compatibilidade de ideias com ele. Mas, no momento de qualquer decisão, ou discurso, lá na câmara, quem também está fazendo as vozes da nossa população, logo, minha, também é o Wladimir Costa.


Nós podemos não nos sentir representados em ideias, mas ele está lá para nos representar.


Outro ponto importante a discutir, é a necessidade de uma reforma política,  em que o povo passe a saber que vota em grupos, ideias, partidos, coligações de ideias e/ou partidos. E não vota  em pessoas. Ou será que aquele trabalhador paraense que votou no comunista Jorge Panzera, com esperança e confiança no trabalho dele, sabe que elegeu o Democrata Hélio Leite com o seu voto? Tinha que pelo menos saber, para "pensar" que pode cobrar dele algo.


Em rodas de conversas de amigos e conhecidos, quando juntam-se três pessoas, o assunto da roda já se torna a votação do prosseguimento do processo de impeachment.


A população tem um sentimento misto, meio sem definição, dizendo de forma eufêmica.


Na sala dos professores da escola da rede estadual na qual trabalho. Chego. Sento em meio à roda. E o assunto já está na mesa. Em que nossos colegas, falando com ar de indignação contra a "corrupção", diziam que a "Dilma" e o "petê" têm é que sair mesmo!


Uma professora disse, que ela já carregara bandeira do petê de graça, e que agora, ela jamais faria isso novamente, que tem é que pensar nela, e pronto!


"Todos concordam. Fora Petê!"


O outro emenda: "Vocês viram as falas daqueles deputados? 'Pela minha família, pela minha neta, por deus, pelo meu vizinho'!"


Uma terceira diz: "E aquele Wlad? Ridículo! Pensa que está no trio elétrico!" A primeira retruca: "E aquele Bolsonaro?! Louco!?"


E eu, até então apenas ouvindo tudo aquilo, pois tenho apenas uma semana naquele ambiente de trabalho. Não me contive, e comentei: "-Mas, todos esses deputados que vocês estão falando, discordando, foram os que votaram pelo impeachment. Que vocês querem!"


Foi o suficiente, o silêncio pairou, e logo alguém mudou de assunto.


Mas enfim, os acontecimentos atuais causam revolta e indignação.


O golpe, que na minha interpretação não é inconstitucional, mas não deixa de ser golpe, está a caminho.

Pois, os deputados tinham que votar, a luz do que consideram ou não, crime de responsabilidade, e não pelas suas famílias, pelos seus filhos.


Ver e ouvir aqueles deputados causa revolta, mas não é aquela revolta de se sentar "no trono de  apartamento com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar", zapeando a televisão e falando mal da globo, da Dilma e dos deputados, não se propondo a lutar. A vontade é de ir pra rua, ir pra luta e, caro leitor, eu confesso, deu aquela vontadezinha de se propor. Pois, se falamos mal de nossos representantes, temos que nos propor a sê-lo.


Pra finalizar, a melhor charge desse  fim de semana "politizado" foi a do meu amigo Brahim Darwich, que segue abaixo e vou passar a divulgar aqui. Trocadilho genial sobre o que importa e aonde estamos. Até logo. Comentem à vontade. Comentem no blog! Cliquem nas reações abaixo da postagem.


Obrigado.

Prof. Nairo Bentes

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Sem embaçamento & Com embasamento!

Talvez o nosso grande erro - quando digo "nosso", é na tentativa de dizer que essa pode ser a postura de qualquer um, ou de todos - seja pensar, ou querer que os parlamentares de nossa sociedade, de nosso legislativo e executivo, sejam pessoas que pensam como nós. Por exemplo, eu, Nairo Bentes, posso até escolher um candidato a vereador com o qual eu tenha afinidade de concepções políticas e de sociedade, ele pode se eleger e eu me sentir representado. Mas, não posso querer me sentir representado pelos outros tantos vereadores, e muito menos achar que eles não representam ninguém, ou querer que as pessoas votem no candidato que eu achar melhor para elas.

Tem circulado nos últimos dias nas redes sociais, opiniões, defesas e comentários negativos a respeito da filiação da Senhorita Andreza ao PCdoB, na verdade, a respeito de uma possível candidatura da menina-mulher à vereadora da nossa capital.

Antes de escrever aqui o que penso, relembro e informo quem por ventura não saiba, que não sou mais filiado ao Partido Comunista do Brasil desde 2014, quando, após o primeiro turno da eleição presidencial, tomei a decisão de me desfiliar do PCdoB e declarar meu voto crítico em Dilma, naquele segundo turno. Só estou esclarecendo isso, para deixar claro que minha opinião não é de alguém de dentro do PCdoB. Mas, exponho aqui tal opinião, pois, me foi perguntado por amigos pessoas comuns, amigos militantes do PSOL, e amigos filiados ao PCdoB. Ah! Outro destaque importante, também não conheço a Srta. Andreza.

Primeiramente, não é de hoje que, o que também influencia quem são nossos parlamentares eleitos é a fama e o carisma deles. Lá ou cá, temos exemplos de que o que elege vereadores, certas vezes, é simplesmente a sua popularidade midiática. O que mudou hoje em dia é que: é mais rapidamente que se fica famoso. Na Era atual elegemos personagens do tipo Robgol, por paixão clubística, Meg Barros da mídia sensacionalista,  Moa Moraes, que se "veste" de vermelho mas faz parte de uma bancada evangélico-conservadora, e por aí vai. São legítimos representantes do "povo brasileiro", digo, eles representam quem os elegeu, e são espelhos sim,  de seus eleitores.

A Srta. Andreza é um fenômeno midiático que emergiu nos últimos meses e se apresentou com um carisma cômico, que de compartilhamento em compartilhamento, tornou-se uma pessoa famosa, com muitas pessoas se identificando com ela, pelo seu ar despojado, livre e festeiro. Faltando apenas ela se libertar, e expor, ou até descobrir seus pensamentos políticos para mais, ou menos, pessoas se identificarem com ela. Lembrando que o pensamento político dela pode ou não ser igual ao meu, ou igual ao seu, caro leitor. Se ela pensar ou agir diferente de você, quem vai votar nela são pessoas diferentes de você, e ela vai representá-los.

Talvez a contradição estivesse para o PCdoB, e não para a senhorita Andreza. Pois, o PCdoB tem um discurso e uma tradição (embora um pouco abalada) de representar trabalhadores na luta e reivindicação de direitos e melhorias para tal. E aposta na Srta. Andreza com objetivos claros: para que, possivelmente, ela se eleja; e para que, ela contribua com o coeficiente eleitoral para eleger mais trabalhadores (tomara!) da legenda.

É uma aposta menos arriscada que a do PSOL quando lançou Meg Barros candidata. Pois, Srta. Andreza é Mulher, é Negra, é da Periferia, já ocupa um lugar social em que tem uma facilidade maior de enxergar os problemas e as opressões da sociedade, porque as vive! E é preciso primeiro enxergar, para depois compreender e lutar para reverter as desigualdades e combater as opressões.

Cabe agora à Srta. Andreza e ao PCdoB construir uma candidatura "Sem Embaçamento" & Com Embasamento, teórico, político e popular! Que fortaleça sua identidade de mulher, negra, da periferia, e lute pelos seus!

Boa sorte!

Prof. Nairo Bentes