sexta-feira, 5 de maio de 2017

“Esse pessoal não gosta de trabalhar!”



Outro dia, não muito remoto, estava indo para um compromisso na região central da cidade, em uma Escola situada na Avenida Almirante Barroso. Como a fome era grande, parei em uma padaria. Ah! Acabei de lembrar o dia, era 26 de abril de 2017.
Entrei. Pedi um misto-quente com pão careca e um suco de taperebá. Na mesa ao lado, dois cidadãos. E o assunto naquele dia, só era um, em todos os lugares – no ônibus, nas filas de banco, nas esperas de consultórios, nos bares, etc. – “Sexta-feira vai parar tudo!”; “Sexta-feira é Greve Geral!”
Entre os dois sujeitos – que tomavam Red Bull ou Slow Cow, não sei ao certo – um perguntou ao outro:
- Vais trabalhar sexta-feira?
O segundo responde: - Vou! Claro! Por que não?
- Rapaz, eu também vou. Mas, tem gente que está sendo dispensado por causa de uma tal de greve aí.
- Não, lá na empresa não tem dessa não. Por que vai ter essa greve?
- Parece que é alguma coisa da aposentadoria...
- Esse pessoal não gosta de trabalhar.
Quase interfiro na conversa dos desconhecidos, exemplificando como ficaria, ou ficará, a previdência com a reforma; dizendo que as manifestações também são contra a reforma trabalhista, que vem fragilizar os direitos dos trabalhadores perante os patrões.
Mas... Não me dispus. Me contive apenas na observação.
No mesmo dia, na matineé, levei meu filho Pedro ao médico. Consulta de rotina. Várias mães acompanhadas de seus filhos na sala de espera.
Alguém bocejou:
- E sexta-feira?
- Sexta-feira para tudo!
-É, até a escola do meu filho vai parar, e é particular!
Mas a conversa ficou só nisso. De fato, todos sabiam da greve nacional dia 28.
Ao entrar no consultório, o médico fez o check up de praxe, e, na conversa, comentou que não atenderia em seu consultório, sexta, 28, e que a situação atual é “suprapartidária”; que todas as pessoas estavam sendo atingidas, e vão pra rua se manifestar.
Deu gosto de ver todas as pessoas pensando a política fora do período eleitoral, se não, pensando, pelo menos, tangenciando.
Porém, grande parte da população não está esclarecida do prejuízo de vida que será aos trabalhadores, esta reforma trabalhista e a da previdência, e de certa forma desnecessária, vide os rombos causados por várias empresas à previdência social.
O cartoon acima, do meu amigo Brahim Darwich, é de uma inteligência enigmática, que, no meu olhar, representa parte da população se mobilizando no enfrentamento das reformas propostas pelo Governo Federal, e pedindo a saída da personificação política delas, e outra parte, não inferior, completamente alheia às transformações em curso, escravizadas pelas mídias sociais. Destacando, ainda, no olhar, a intolerância, com a postura política indiferente.
Sem mais, #ForaTemer!
Nairo Bentes